Jardim Botânico reúne professores, líderes indígena e quilombola em curso sobre educação ambiental

O Jardim Botânico e o Grupo de Educação Ambiental (GEA), da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), realizam em janeiro e fevereiro, o curso “O Jardim Botânico Educa: Diálogos Formativos”. A iniciativa, on-line e gratuita, começa no dia 7 de janeiro e vai até 4 de fevereiro, sendo aberta ao público em geral.  

Ao todo serão realizados cinco encontros semanais, transmitidos ao vivo, no canal do Jardim Botânico, no YouTube, às 18h, sem necessidade de inscrição.

O  foco é  a  formação dos monitores de educação ambiental do Jardim, tendo como ponto de partida o projeto político pedagógico local. Com a pandemia, o trabalho, vinculado ao projeto de extensão “Formação de monitores ambientais”, ficou impossibilitado de ser realizado presencialmente. Na ação on-line, no entanto, o público é ampliado, pois se pretende levantar questões importantes não só para o aprendizado dos monitores, mas também de quem se interessar. 

Serão discutidos temas como biodiversidade, justiça ambiental, relações colaborativas entre espaços escolares e não escolares, saberes populares fundados na natureza e a participação popular na transformação e conservação da área florestal em Jardim, com potencialidades educativas.

Para a discussão, foram convidados professores de cinco universidades (UFJF, UFRJ, Uerj, UFRRJ e Uemg); o líder indígena Ailton Krenak, a líder da Comunidade Quilombola do Cedro, em Goiás, Lucely Pio, que é também presidente da Associação Pacari de Plantas Medicinais do Cerrado; o integrante do Movimento Negro Unificado e Instituto Feijão de Ogum, Ebomy Azarias de Oxalá; e o presidente da ONG Programa de Educação Ambiental (Prea), Leonardo Alcântara.

A coordenadora do GEA/UFJF, professora Angélica Cosenza, destaca que o curso trará agentes muito relevantes no campo da educação ambiental. A oportunidade de troca de saberes diversos qualifica as atividades desempenhadas no Jardim e a formação de cada monitor. “Temos monitores de vários cursos da UFJF, abrangendo diversas áreas de aprendizado. Então, são saberes de uma discussão que vai para além do trabalho que exercem, mas que os constituem como sujeitos ecopolíticos.”

Campo de educação

O Jardim Botânico da UFJF tem suas origens de forma diferenciada, com forte ação popular para proteger uma expressiva área verde de florestas remanescentes de Mata Atlântica no município de Juiz de Fora. No momento em que toda a população se deparou com a ameaça que esta área poderia sofrer, como ser transformada em área residencial, passou a defendê-la. 

Essa atitude fez toda a diferença na construção do pensamento coletivo sobre o que representa hoje o Jardim para o município. Além de servir como um laboratório aberto para os cursos de graduação e pós-graduação da UFJF, que ali podem desenvolver aulas e projetos, o Jardim cria um espaço para inúmeras atividades no campo das artes e da cultura

“O Jardim Botânico é visto não só como um grande lugar de lazer e passeio simplesmente, mas sim como função final de educação na universidade. Uma das principais funções do Jardim Botânico é construir um espaço de educação e de trocas de conhecimentos”, frisa o diretor do Jardim, professor Gustavo Soldati.

Confira a programação abaixo:

7 de janeiro, 18h

I- Biodiversidade: Caminhos e Conhecimentos Rivais

Doutor Honoris Causa Ailton Krenak  (Liderança indígena)

Prof. Dr. Carlos Frederico Loureiro (UFRJ)

Mediação: Profª Drª. Angélica Cosenza (GEA/UFJF)

Para o início do evento, os palestrantes abordarão a importância da iniciativa de proteger esta área de mata residual, de que faz parte o Jardim Botânico, dentro da área urbana de Juiz de Fora. Destaque para a ação da UFJF para integrar as pesquisas sobre  flora e valorizar o convívio com a comunidade de entorno do Jardim, que vai se constituindo ao longo deste período de contratempo na política de gestão ambiental no nosso país.

Além disso, a ideia é abordar a importância para a pesquisa e a divulgação de trabalhos que já vem sendo realizados por pesquisadores da UFJF, a partir do bioma do cerrado e também da Mata Atlântica, levando em conta os saberes populares e uso de plantas medicinais, relacionando diversidade cultural associada à diversidade natural e como isso se expressa em uma proposta de ambiente mais inclusiva, contemplando diferentes visões de mundo e promovendo aprendizados significativos.  

14 de janeiro, 18h

II- Justiça Ambiental e Educação Ambiental

Profª. Drª. Cleonice Puggian (UERJ-FEBF)

Mediação: Profª Drª. Angélica Cosenza (GEA/UFJF)

No segundo dia, a professora Cleonice Puggian,  com base em seu trabalho realizado na Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro, abordará  a injustiça ambiental e  como comunidades  carentes, que são as mais impactadas,  organizam-se para enfrentar esses processos opressivos. Atuam por meio de estratégias de resistência  de movimentos que se engajam em conflitos ambientais para buscar a promoção da justiça e de práticas educativas, utilizando meios pedagógicos para ensinar sobre a luta pela vida, pela água e por habitação. Além disso, será abordada  a luta em relação à preservação ambiental e à preservação daquilo que ainda temos contra um modelo de desenvolvimento repressor, baseado em uma política que preza muito mais pela geração do lucro do que pela preservação da vida. 

21 de janeiro, 18h

III- Relações Colaborativas entre Espaços Escolares e não Escolares

Prof. Dr. Mauro Guimarães (UFRRJ)

Mediação: Profª Drª. Angélica Cosenza (GEA/UFJF)

O terceiro encontro aborda a  constituição de um ambiente educativo que valorize a complementaridade entre a sala de aula e os ambientes naturais a partir de uma convivência pedagógica, mas que supere a armadilha de uma educação conteudista transposta nas atividades de visita a ambientes naturais. Pretende-se  desenvolver a temática da Educação Ambiental como ponte entre espaços escolares e não escolares, como forma de romper a dicotomia entre educação formal e não formal. 

28 de janeiro, 18h

IV- Saberes do Mato: Saberes Populares fundando a Natureza

Prof. Dr. Emmanuel Duarte Almada  (UEMG)

Lucely Morais Pio (Comunidade Quilombola do Cedro – Goiás e presidente da Associação Pacari de Plantas Medicinais do Cerrado)

Ebomy Azarias de Oxalá (Movimento Negro Unificado e Instituto Feijão de Ogum)

Mediação: Prof. Dr. Gustavo Soldati (Jardim Botânico/UFJF)

O quarto encontro destacará a importância da natureza para o culto dos orixás, fazendo um pequeno histórico do processo de destruição do continente africano e a identidade religiosa com relação a elementos da natureza. Busca destacar a preservação de ambientes como o Jardim Botânico para a comunidade. Além disso, mostrar como o processo de urbanização atingiu terreiros de religiões de matriz africana, uma vez que muitos não contam com espaços naturais, reforçando a necessidade de construir espaços coletivos.

4 de fevereiro, 18h

V- Jardim Botânico da UFJF: Da Conquista Popular às Potencialidades Educativas

Prof. Dr. Leonardo Alcântara (ONG Prea – Programa de Educação Ambiental)

Profª. Drª. Fátima Salimena (UFJF)

Mediação: Prof. Dr. Gustavo Soldati (Jardim Botânico/UFJF)

No último encontro, será abordada a criação do Jardim Botânico como a garantia de um espaço preservado, criado pela vontade e pela luta populares e, por isso, é de todos os cidadãos. É um espaço público. Destaca a importância do espaço para a população e a construção de um pensamento de defesa do meio ambiente, de conservação de florestas e ambientes naturais. 

Pode- se entender que existe um equilíbrio ecológico onde há uma forte interação entre todos os componentes, flora e fauna, com interdependência e que, quando se rompe um fio nessa delicada teia, os resultados podem ser desastrosos. Além de servir como um laboratório aberto para os cursos de graduação e pós-graduação da UFJF, que ali podem desenvolver aulas e projetos, o Jardim Botânico cria um espaço para inúmeras atividades no campo das artes e cultura.

Fonte: UFJF




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