A 13ª nota técnica, elaborada pelo grupo de modelagem epidemiológica da Covid-19, formado por pesquisadores da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), informa que nos últimos 15 dias, o município obteve aumento de 204% em sua média semanal, referente aos casos confirmados da doença.
No dia 14 deste mês, a média móvel de pessoas infectadas foi de 85, valor superior em comparação ao dado registrado no dia 31 de outubro. Diante da situação, uma das pesquisadoras do projeto, Isabel Leite, alerta para o aumento de vidas perdidas em Juiz de Fora:
“Nós temos uma grande preocupação de que, daqui a algumas semanas, esses dados sejam refletidos em um aumento do número de vidas perdidas”.
De acordo com os dados da Secretaria de Saúde (SS) da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), no dia 18 do último mês, foram contabilizados 6.647 casos confirmados de coronavírus e 248 óbitos. Já no dia 14 deste mês, os números alcançaram 7.988 casos e 275 vidas perdidas, representando aumentos de 20,2% de diagnósticos de coronavírus e 10,9% de mortes causadas pela doença.
Na comparação com a semana entre os dias 1º e 7, os dados obtidos entre 8 e 14 de novembro mostram, de uma semana para outra, um crescimento de 130,5% de casos confirmados e um aumento de 20% de óbitos.
Aumento na ocupação de UTI
O grupo de pesquisadores analisou também o cenário dos leitos de UTI, pelas unidades hospitalares do município. Conforme o levantamento, a partir do início de novembro, houve um aumento expressivo de número de leitos ocupados por pacientes com Covid-19.
No dia 17 de novembro, a média móvel de internações em UTIs foi de 79,4%, segundo a PJF, o que representa aumento de 59,8% em relação aos 15 dias anteriores. Já o crescimento da ocupação de leitos de enfermaria chega ao dobro disso: a média móvel do mesmo período é de 143,4, constatando alta de 120% em relação ao início do mês.
Segundo Isabel, em meio ao atual cenário da pandemia em Juiz de Fora, é importante que a população fique em casa, bem como fazer o uso de máscaras de proteção facial:
“Reforçamos para todos: caso possa ficar em casa, fique. Não podendo, use máscaras de forma correta e pratique o distanciamento. Estas práticas têm sido claramente abandonadas por parte da população. Todos nós estamos desejosos para voltar a frequentar espaços e encontrar pessoas da forma que fazíamos antes. Mas estamos vivendo, e não só em Juiz de Fora, o que alguns pesquisadores apontam como possivelmente a segunda onda da Covid-19 no Brasil. A questão é que, em nosso país, nós nunca abandonamos a primeira onda: mantivemos uma certa estabilidade, mas sempre com números altos de internações e óbitos. Simplesmente parece estamos vivendo um segundo pico que convive, ao mesmo tempo, com essa primeira onda da qual não havíamos nem saído.”
Taxa de letalidade
Ainda conforme a análise feita pelos pesquisadores, a taxa de letalidade em Juiz de Fora é superior em relação ao estado de Minas Gerais e ao Brasil. No dia 14, a taxa foi de 3,44%, enquanto que no estado é de 2,49% e no país é de 2,83%.
Reprodução efetiva
Isabel Leite comenta também sobre a questão do Número de Reprodução Efetivo (Rt), o qual indica o número, em média, de casos secundários contaminados por um indivíduo com Covid-19. Em Juiz de Fora, o valor foi de 1,51, “Isso significa que, a cada 100 pessoas doentes, podem ser contaminadas mais 151 novas pessoas pelo coronavírus.”
Conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS), para que a pandemia em um determinado local seja avaliada como controlada, os valores do Rt devem ser menores que 1 persistentemente por pelo menos duas semanas, o que ainda não foi observado na cidade.