Pela primeira vez em sua história, a Arábia Saudita entrará no calendário da F1, a partir da temporada 2021. O anúncio foi feito pela própria direção da categoria máxima do automobilismo mundial, nessa quinta-feira (5).
Até então não foram revelados detalhes aprofundados sobre a novidade, porém foi confirmado que a prova será realizada no mês de novembro e que será circuito de rua, a ser construído nas ruas de Jidá, segunda maior cidade do país árabe. Diante disso, será a terceira nação do Oriente Médio, a receber a categoria, junto com Bahrein e Abu Dhabi nos Emirados Árabes Unidos.
Conforme o CEO da Liberty Media, empresa que detém os direitos da F1, Casey Carey, a etapa será incluída no calendário provisório de 2021 pelas próximas semanas e passará pelo processo de aprovação pelo Conselho Mundial da Federação Internacional de Automobilismo (FIA):
“Estamos entusiasmados em receber a Arábia Saudita na Fórmula 1 para a temporada de 2021 e saudar seu anúncio após especulações nos últimos dias. A região é extremamente importante para nós e com 70% da população saudita com menos de 30 anos, estamos entusiasmados com o potencial de alcançar novos fãs e trazer nossos fãs existentes ao redor do mundo emocionantes de um local incrível e histórico. Publicaremos nosso calendário provisório completo para 2021 nas próximas semanas e isso será submetido ao Conselho Mundial de Automobilismo para aprovação” diz Casey Carey.
Já o príncipe e Ministro do Esporte, Abdulaziz Bin Turki AlFaisal Al Saud, celebra a inclusão da Arábia Saudita no calendário e diz que o esporte tem contribuído para o crescimento do país:
“A Arábia Saudita está acelerando, e a velocidade, energia e entusiasmo da Fórmula 1 refletem perfeitamente a jornada de transformação que o país está trilhando. Como testemunhamos nos últimos anos, nosso pessoal deseja estar no centro dos maiores momentos do esporte e entretenimento ao vivo. E eles não são maiores do que a Fórmula 1. Não importa onde no mundo seja realizada, a Fórmula 1 é um evento que reúne as pessoas para celebrar uma ocasião que vai muito além do esporte. Estamos ansiosos para compartilhar esta experiência única e compartilhar Jidá com o mundo. Para muitos sauditas, isso será um sonho que se tornou realidade”.
Polêmicas sobre o GP
Mesmo com a confirmação da etapa no calendário da próxima temporada, a novidade foi alvo de polêmicas, segundo a imprensa internacional. Dias antes do anúncio oficial, a Anistia Internacional emitiu um alerta sobre a realização do Grande Prêmio, no qual alega que a Arábia Saudita estaria tentando desviar a atenção das acusações de violação dos direitos humanos das quais o governo saudita é alvo.
Além disso, a nação que seria uma das candidatas a compor o Conselho dos Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), teve sua candidatura negada, por ter sido vista também como uma tentativa de melhorar a imagem pública do país.
Outra questão que foi abordada pela imprensa internacional, é a respeito das medidas feitas pelo governo local, como por exemplo: prisões, julgamentos, torturas e execuções direcionados para opositores, ativistas e jornalistas, e de uma série de proibições que limitam os direitos das mulheres no país. Inclusive, a homosexualidade é considerado ato criminal por lá e os cidadãos não tem permissão para passear com cães pelas ruas, uma vez que o animal é considerado impuro pelo Islã.
O porta-voz da Anistia Internacional, Felix Jakens, comentou sobre a realização do Grande Prêmio no país, “As autoridades sauditas aparentemente veem o esporte de elite como um meio de melhorar sua reputação gravemente prejudicada. Nos preparativos para a corrida em Jeddah, pedimos urgentemente para todos os pilotos, proprietários e equipes da F1 que considerem falar sobre a situação dos direitos humanos no país”.