Minas Gerais chegou neste mês de setembro à marca de 4.300 hectares (ha) de área queimada no interior das unidades de conservação sob gestão do Estado. Em 2020, são 258 ocorrências de incêndios dentro dessas unidades e mais 138 no entorno, o que resulta em mais 6.416 ha atingidos pelo fogo também no entorno, nas chamadas zonas de amortecimento.
Apesar dos quase 400 registros, Minas mantém, neste ano, números menores de área queimada dentro de parques, monumentos naturais, estações ecológicas e outras unidades de conservação. Razão desse resultado tem sido a redução do tempo de resposta, que chega a menos de 10 minutos em 24% das ocorrências e em menos de uma hora em 61% dos casos. Com isso, menos de 1% dos registros de incêndio atingem uma área superior a 1 mil hectares.
Esses e outros dados foram apresentados nesta quarta-feira (7/10) pela secretária de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), Marília Melo, e pelo diretor-geral do Instituto Estadual de Florestas (IEF), Antônio Malard, durante coletiva de imprensa, que contou também com a participação do comandante-geral do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (CBMMG), coronel Edgard Estevo.
Balanço
O IEF, órgão ambiental responsável pela gestão das unidades de conservação em Minas, informou que a área atingida pelos incêndios dentro das unidades representa 26% da média histórica registrada entre 2013 e 2019, considerando o mesmo período de nove meses desses anos. Já no entorno, os 6.416 ha somam 64% da média histórica. As ocorrências de 2020, até setembro, também são inferiores à média histórica: 400 neste ano, contra 548 do período de 2013 a 2019 (também de janeiro a setembro).
Dados do Corpo de Bombeiros, que reúnem ocorrências gerais de incêndios, mostram diminuição nos atendimentos a incêndios em parques municipais, estaduais e federais de Minas, que caíram 34% em relação ao ano passado. As áreas de reflorestamento existentes no estado registraram também queda de 32% nas ocorrências notificadas pela corporação.
No total, de acordo com a corporação, foram registradas 17.880 ocorrências gerais de incêndio em todo o estado, entre janeiro e setembro de 2020. “Entendemos que, a continuar neste ritmo, devemos superar a máxima histórica de 18.657 ocorrências registrada em 2019”, disse o coronel.
Esse aumento das ocorrências observado em 2020 se deve, principalmente, aos incêndios em áreas de produção agropecuária, que registraram uma ampliação de 103% e também nas áreas rurais não protegidas, como regiões de entorno de estradas rurais, com 106% de aumento das ocorrências.
Ação coordenada
A secretária de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Marília Melo, destacou a importância da atuação articulada entre os diversos órgãos de Estado na prevenção e combate aos incêndios nas unidades de conservação estaduais. “Hoje, nós temos uma ação muito bem coordenada do Governo do Estado para que os incêndios florestais tenham o menor impacto a nossa biodiversidade, a nossa qualidade ambiental e a nossa população”, disse.
Para prevenção e combate aos incêndios, Minas Gerais desenvolve o Programa de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais, denominado Força Tarefa Previncêndio (FTP), coordenado pela Semad, com coordenação operacional do IEF, do qual também fazem parte o Corpo de Bombeiros, Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio), o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec), e a Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG).
Neste ano, além do quadro de 265 brigadistas contratados pelo IEF para atuar durante o período crítico de incêndios, mais 145 profissionais foram recrutados para a instalação de sete novas unidades operacionais da Força-Tarefa Previncêndio, com brigadistas, equipamentos e veículos, em regiões onde estão localizadas unidades de conservação de proteção integral das bacias dos Rios Doce e São Francisco. O Estado também possui uma frota aérea com helicópteros e aviões airtractor, estes últimos usados para o lançamento de água nas ações de combate.
A secretária de Meio Ambiente lembrou, ainda, do custo aos cofres públicos das ações de combate aos incêndios nas unidades de conservação sob gestão do Estado, estimado em cerca de R$ 25 milhões anuais. “Precisamos do comprometimento de toda sociedade nas ações de prevenção, pois além dos inúmeros danos socioambientais, a contenção dos incêndios é uma atividade altamente dispendiosa. E se custa muito ao Estado de Minas Gerais, custa muito a todos nós mineiros”, acrescentou.
O diretor-geral do IEF, Antônio Malard, ressaltou a importância do trabalho coordenado também para a redução do tempo de resposta, prazo este compreendido entre a identificação do foco de incêndio e a chegada das equipes de contenção até o local, para a diminuição da área atingida durante as queimadas observadas nas unidades do Estado.
“Podemos perceber que os incêndios de grandes proporções vêm se tornando cada vez mais raros nas unidades de conservação do Estado. Isso se deve a um amplo sistema de monitoramento e vigilância mantido pelo IEF em parceria com diversos órgãos estaduais, federais e municipais”, observou Malard.
Campanha
Também é desenvolvida, anualmente, uma campanha publicitária para conscientizar e orientar a população sobre os danos causados pelos incêndios florestais. Neste ano, o tema é: “Quando a natureza sufoca, quem não respira é você”.
A campanha tem foco nos sérios danos causados pelo fogo criminoso, capaz de consumir a vegetação, matar animais, secar nascentes, entre outros prejuízos ambientais, e ainda agravar doenças respiratórias na população. Os materiais estão sendo veiculados nas redes sociais do Sisema (@meioambienteminasgerais), do Corpo de Bombeiros (@bombeirosmg) e do Governo de Minas (@governomg).
Fonte: Agência Minas