O grupo de modelagem epidemiológica da Covid-19, composto por pesquisadores da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), publicou em novo estudo, a análise dados de internações hospitalares por Síndromes Respiratórias Graves (SRAGs), incluindo suspeitos e confirmados com Coronavírus, em Juiz de Fora. O levantamento abrange o período a partir do dia 26 de fevereiro até o dia primeiro de agosto.
O estudo aponta que houve evolução temporal, quanto às internações hospitalares. No intervalo de tempo analisado, 1.468 pessoas foram internadas com suspeita de Covid-19, sendo que 558 (37,6%) foram confirmadas com a doença por meio de testagem, e destes, 271 (49%) foram internados em Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs). Além disso, o pico de internações foi registrado entre 20 de junho e 20 de julho.
Conforme uma das pesquisadoras projeto, Isabel Leite, após a referida data, houve diminuição acentuada, indo de em média três casos diários para um, tanto em enfermaria quanto em UTI:
“A maior parte das internações são de idosos, mas na enfermaria, 57% de todas as internações foram na população da faixa etária entre 40 e 69 anos, ou seja, não é uma demanda exclusiva de idosos como poderia se imaginar”.
Até o dia primeiro do mês passado, os dados divulgados pela Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), indicavam 117 mortes confirmadas. Entretanto, foram registrados 183 óbitos nos hospitais, decorrentes da doença e que o número é 56% maior. Segundo Isabela, “o número de óbitos relativos aos internados é mais alto que os registrados para os residentes de Juiz de Fora, ou seja, essas internações também captam pacientes da macrorregião. Os dados desta nota são importantes porque mostram o que o profissional da linha de frente lida no dia a dia, seja gerenciando vagas hospitalares ou lidando com os pacientes internados por Covid-19, seja os de enfermaria ou os de UTI.”
Atendimento por Samu
Conforme os dados da nota técnica, desde o dia primeiro de janeiro até 23 de agosto, o Samu realizou 32.000 atendimentos, sendo que 10% foram por síndromes respiratórias, dos quais 915 classificados como suspeita ou caso confirmado de Covid-19. A maioria destes pacientes eram idosos. A partir da décima primeira semana epidemiológica, foi constatado um aumento de 48% no número médio semanal de atendimentos por síndromes respiratórias.
Dentre os 3.293 atendimentos por síndromes respiratórias avaliados pelos pesquisadores, foi constatado que o perfil apresenta cenário semelhante ao de todas as causas em relação a sexo, transporte e risco inicial. Quanto à análise dos dados, Isabel diz que:
“Quando analisamos os atendimentos de Samu, o grande destaque é que a partir da décima primeira semana epidemiológica foi constatado um aumento de 48% no número médio semanal de atendimento em função de síndromes respiratórias. Então não só na internação, mas no serviço de urgência Móvel, que abarca uma grande população da Macrorregião Sudeste, a síndrome respiratória tem representado grande impacto”.