Como havia sido antecipado pelo jornal “Marca” da Espanha, a Renault anunciou nessa quarta-feira (8), o retorno do bicampeão Fernando Alonso à F1. O espanhol assinou contrato de 3 temporadas e assumirá o cockpit do time francês em 2021, no lugar do australiano Daniel Ricciardo que assinou com a McLaren. O vínculo do piloto espanhol com a Renault terá duração de três temporadas, já incluindo o direito de renovar por mais um ano. Será sua terceira passagem pelo time francês, sendo a primeira de 2003 a 2006 (período no qual conquistou seus dois títulos mundiais) e a segunda de 2008 a 2009.
Com dois títulos mundiais de 2005 e 2006 na bagagem, ambos conquistados na Renault, Alonso diz estar animado em retornar à categoria máxima do automobilismo mundial e fala sobre o projeto que a equipe trabalha para 2022, quando entra em vigor o novo regulamento referente ao desenvolvimento dos carros:
“A Renault é minha família, minhas melhores lembranças na Fórmula 1 com meus dois títulos mundiais, mas agora estou olhando para o futuro. É uma grande fonte de orgulho e, com uma imensa emoção, estou retornando à equipe que me deu a chance no início da minha carreira e que agora me dá a oportunidade de retornar ao mais alto nível. Tenho princípios e ambições alinhados ao projeto da equipe. Seu progresso neste inverno dá credibilidade aos objetivos da temporada de 2022 e vou compartilhar toda a minha experiência de corrida com todos, desde engenheiros até mecânicos e meus companheiros de equipe. A equipe quer e tem os meios para voltar ao pódio, assim como eu”,
Em entrevista ao jornal “Marca”, Alonso diz que no primeiro ano com a Renault, serão feitas análises quanto ao desenvolvimento do carro e já na segunda temporada, irá em busca do tão sonhado tricampeonato mundial:
“Estou ciente de onde estaremos nos primeiros passos, mas estou ansioso para melhorar com muito trabalho e estou muito feliz em voltar com Renault. As regras de 2022 são uma boa oportunidade e terei uma chance de dentro da equipe em 2021 para me preparar. Tenho certeza da pessoa que sou hoje e das possibilidades da Renault. A equipe também quer voltar ao pódio.”
O chefe e diretor administrativo da Renault, Cyril Abiteboul, diz que a contratação de Alonso faz parte do pacote de crescimento do time francês na F1 e que sua experiência na categoria pode trazer bons frutos para o crescimento da equipe:
“A contratação de Fernando Alonso faz parte do plano do Grupo Renault de continuar seu compromisso com a F1 e retornar ao topo do campo. Sua presença em nossa equipe é um ativo formidável no nível esportivo, mas também para a marca à qual ele está muito apegado. A força do vínculo entre ele, a equipe e os fãs faz dele uma escolha natural. Além dos sucessos do passado, é uma escolha mútua ousada e um projeto para o futuro. Sua experiência e determinação nos permitirão tirar o melhor proveito um do outro para levar a equipe à excelência exigida pela moderna Fórmula 1. Ele também trará para a nossa equipe, que cresceu muito rápido, uma cultura de corrida e vitória para superar obstáculos juntos. Ao lado de Esteban, sua missão será ajudar a Renault F1 Team a se preparar para a temporada de 2022 nas melhores condições possíveis. ”
Carreira na F1
Fernando Alonso estreou na F1 em 2001 pela extinta Minardi, tendo como seu melhor resultado um 10º lugar no GP da Alemanha. No ano seguinte virou piloto de testes da Renault e em 2003 foi promovido a titularidade. No mesmo ano, conquistou sua primeira vitória na Hungria, sendo até então o mais jovem a vencer uma prova da F1, com apenas 22 anos de idade, recorde quebrado em 2016 pelo holandês Max Verstappen na época com 18 anos.
Em 2004 foi mantido na Renault, mas teve cinco abandonos durante a temporada e teve como melhor resultado um segundo lugar na França. Em 2005 o espanhol foi campeão do mundo ao bater o finlandês Kimi Raikkonen, conquistando 7 vitórias em 19 corridas do ano e marcou 133 pontos. Na temporada seguinte foi bicampeão em cima de ninguém menos que Michael Schumacher e venceu 7 das 18 provas do ano com 134 pontos, encerrando assim seu primeiro ciclo pela Renault.
Em 2007 transferiu-se para a McLaren, em busca do tricampeonato, mas o espanhol teve que lidar com o favoritismo da equipe para o então calouro Lewis Hamilton. Alonso venceu 4 provas e terminou em 3º no campeonato, com 109 pontos, um ponto atrás do campeão Kimi Raikkonen.
Devido aos problemas internos dentro da equipe inglesa, Alonso acertou sua volta à Renault em 2008, no entanto não repetiu o mesmo sucesso e venceu apenas duas provas, uma delas em Singapura, na qual ficou marcada por um esquema de trapaça feita pelo chefe Flavio Briatore e diretor Pat Symonds. O escândalo ficou conhecido como “Singapura Gate”, na qual o brasileiro Nelsinho Piquet, foi ordenado para bater de propósito e consequentemente trazer o carro de segurança para a pista. Como Alonso havia feito a troca de pneus e reabastecimento antes do acidente, os outros pilotos aproveitaram a presença do carro de segurança para irem aos boxes, no entanto, Alonso se aproveitou da situação e assumiu a liderança, que manteria até o fim. Mesmo assim o piloto espanhol ficou em 5º no campeonato com 61 pontos.
Em 2009 a F1 passou por mudanças no regulamento e a Renault foi uma das equipes que sofreram com a mudança. Com resultados inexpressivos e falta de bom desempenho do carro, Alonso não venceu nenhuma prova e foi apenas o 9º colocado no campeonato com 26 pontos.
No ano seguinte se transferiu para a Ferrari, onde ficou até 2014, vencendo 10 provas e ficou com o vice-campeonato em 2010, 2012 e 2013, todos perdidos para o alemão Sebastian Vettel. Após problemas internos na escuderia italiana, Alonso retornou para a McLaren mas teve sérios problemas com o carro e não venceu nenhuma prova e sequer subir ao pódio.
Deixou o circo da F1 em 2018 e desde então, disputou as 24h de Daytona e de LeMans, além de disputar as 500 milhas de Indianápolis pela Fórmula Indy.
Novo regulamento para 2022
A F1 havia planejado entrar com novo regulamento para 2021, na qual prevê maior igualdade entre as equipes, mas teve que ser adiado para 2022 em decorrência do Coronavírus. Dentre as alterações estão ampliação do número de peças-padrão e menos possibilidades de inovação para os grandes, limitação do orçamento para apenas 145 milhões de dólares por ano e também na concepção dos carros, que serão projetados para facilitar as perseguições durante as corridas, e, consequentemente, permitir mais disputas entre os pilotos.
Os engenheiros da FIA trabalham com a meta de evitar com que o carro que acompanha o da frente perca cerca de 50% de carga aerodinâmica, como agora. A ideia é garantir que os carros tenham aparências mais “limpas”, sem muitos aparatos aerodinâmicos.