Treinadores de medalhistas da natação brasileira focam na parte mental dos atletas para um bom retorno

A live do Time Brasil reuniu treinadores de destaques da natação: Fernando Possenti, de maratonas aquáticas, que treina atletas como  Ana Marcela, que apenas em 2019 conquistou medalhas de ouro em Lima, nos Jogos Militares e em Doha, e Rogério Kafu, de fundistas e longa distância, técnico de Guilherme Costa, ouro em Lima 2019 nos 1500m e em Cochabamba 2018, nos 400m. Guilherme é o recordista sul-americano nas duas provas. Durante o bate papo, Possenti e Kafu se mostraram preocupados com a parte mental dos atletas, que estão um longo período fora d’água, mas contaram que o foco no treino físico pode ajudar no retorno às piscinas.

“Temos que pensar positivo. Esse momento difícil, por causa da pandemia de coronavírus, pode ser encarado como uma oportunidade para os atletas. Podemos nos dedicar a melhorar alguma deficiência, um ponto específico. Eles estão mantendo a rotina de treinos. Uma preparação bem feita vai fazer nos deixar em um bom patamar para começar o retorno. Uma boa preparação só traz ganhos”, afirmou Kafu.

Para os treinadores, o momento anterior ao adiamento dos Jogos Olímpicos foi o mais difícil até agora. Com a data remarcada para 2021, eles acreditam que há tempo hábil para a preparação para Tóquio. As avaliações feitas pela equipe multidisciplinar que atende os nadadores será ponto fundamental na retomada das atividades e na prevenção a lesões.

“É importante que os atletas entendam que estamos passando por um momento novo, diferente, e que sairemos da melhor maneira possível. Seguir os protocolos e fazer as avaliações da equipe interdisciplinar será essencial. Quando voltarmos, teremos que ter todos os detalhes, fazer todos os exames e precisaremos da interação e do feedback da equipe. Os atletas podem voltar afoitos para treinar. Teremos que motivá-los e acalmá-los. Tudo tem seu tempo e vamos trabalhar isso na volta”, disse Possenti que mantém treinos diários online com seus atletas e ressalta a importância da nutrição neste momento. “Atleta continua sendo atleta”, completa ele.

A criatividade de alguns nadadores chamou a atenção da dupla. Sem piscina para nadar, atletas estão recorrendo a praias e lagos para treinar. Possenti ressaltou que  essa oportunidade de experimentar as águas abertas pode conquistar alguns para outras modalidades, como a maratona. Eles lembraram que é possível conciliar a preparação para mais de uma modalidade e conversaram sobre a diferença entre elas.

“O atleta Vinícius Lanza, que esta no sítio da família, está treinando em um lago. Ele colocou duas raias e está nadando. As pessoas estão recorrendo à criatividade, o que é legal, e isso vai fazendo com que eles tenham contato com águas abertas. Tem gente treinando no mar. Uma coisa é comum aos atletas das duas modalidades: todos treinam demais e gostam. E é possível trabalhar as modalidades juntas, pois os conceitos são os mesmos, a diferença é a demanda de ritmo de prova. As vezes é importante dar a oportunidade para ele o atleta da piscina faça uma maratona. Ele pode ser excepcional na maratona e nunca ter tentado”, ressaltou Kafu, que revelou que, após os Jogos de 2021, Guilherme Costa vislumbra as maratonas aquáticas “com bons olhos”.

Possenti acrescentou que o ritmo e a estratégia são fundamentais nas provas de maratona. E que está feliz em ver atletas com resultados positivos nas duas provas. “Temos visto atletas com bons resultados nas duas modalidades. É possível. A vontade de participar das duas modalidades tem que partir do atleta. Um atleta treinando para os 1500m é para manter o ritmo e o outro da maratona é treinado para change de pace, ficar mudando do ritmo, levando em conta a estratégia do adversário. Tirando isso é possível e viável que façamos treinamentos juntos. A maratona hoje é uma opção a mais. Atleta de mar aberto tem que ter noção de navegação, de espaço. A vivência e a experiência de prova te dão a possibilidade de visualização. O primeiro passo para abrirmos caminho para os atletas é conversar, falar sobre, como estamos fazendo aqui. O que acontece é que os atleta de piscina não são estimulados a experimentar a maratona aquática. As provas para iniciante, com uma metragem menor, dá a oportunidade da base de atletas aumentar”.

 

Fonte: COB




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