Dor de cabeça, febre, diarreia. Desde a chegada da pandemia pela Covid-19, essas queixas causam ainda mais preocupação nas pessoas. Entretanto, quem apresenta esses sintomas pode não estar contaminado pelo novo coronavírus; o quadro é característico, também, em casos de dengue e influenza (gripe comum). Por isso, é importante conhecer os sintomas de cada doença, e intensificar ainda mais os hábitos de prevenção.
As semelhanças entre o vírus influenza e o novo coronavírus incluem dor de cabeça, tosse e episódios de febre. Segundo a professora Patricia Ferraz, do Departamento de Medicina do campus Governador Valadares da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF-GV), os quadros são extremamente parecidos. “A perda súbita do paladar e do olfato parece algo muito marcante na Covid-19, e tem chamado a atenção para um ponto que pode diferenciar. Mas, apenas do ponto de vista clínico, não é possível afirmar uma síndrome gripal ser coronavírus ou influenza”.
Dengue e Covid-19 apresentam sintomas comuns
Patricia explica que casos de dengue e Covid-19 podem apresentar sintomas semelhantes, como febre, dor no corpo, dor de cabeça e mal estar. “O grande ponto que pode ajudar a diferenciar uma doença da outra são os sintomas respiratórios, que não ocorrem na dengue”, tais como tosse, produção de escarro, dor no peito e falta de ar.
São também frequentes em um quadro de dengue: diarreia, dores nas articulações, manchas vermelhas no corpo, dor atrás dos olhos, fadiga e dores musculares, conhecidas como mialgia. Queixas de náuseas, vômito, dor abdominal, letargia, irritabilidade e confusão mental podem indicar agravamento da doença.
A docente Alexandra Paiva, do Departamento de Ciências Básicas da Vida (DCBV) alerta que tanto a dengue quanto a Covid-19 devem despertar atenção e cuidado. “Observamos grupos de risco em comum para o agravamento das arboviroses e de Covid-19, portanto, nenhuma delas deve ser negligenciada. Ambas podem agravar e necessitar de assistência hospitalar, promovendo, assim, um esgotamento do sistema de saúde local”.
Aumento recente nos casos de dengue em GV traz preocupações
Segundo dados do boletim epidemiológico da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, entre os meses de janeiro e fevereiro deste ano, foram notificados 270 casos da doença, enquanto nos meses de março e abril, o índice subiu para 519. Ainda segundo o documento, nas duas primeiras semanas de maio, Governador Valadares contabilizou 126 casos prováveis de dengue.
A oscilação no índice de casos pode estar relacionada ao aumento das chuvas e do calor, típicos dessa época do ano, e a uma maior permanência das pessoas em casa durante a quarentena, como explica o professor Bruno Guedes, do DCBV. “Não é possível apontar um único motivo para a situação, mas alguns fatores podem influenciar. As pessoas estão passando mais tempo em casa, disponíveis à ação do mosquito. Com a população deixando de se movimentar, de circular, pode haver um aumento na transmissão pelo mosquito”.
O docente também relaciona o aumento nos casos à enchente que ocorreu na cidade, em janeiro deste ano. “Quando tem enchente, o nível de água sobe e depois escoa. Em determinados lugares, onde a enchente chega, formam-se focos de água parada, criadouros de mosquito; com mais mosquitos, consequentemente temos mais casos de dengue na cidade”.
O clima da região leste de Minas é favorável à proliferação do Aedes aegypti, e mesmo durante o período de quarentena, a transmissão das arboviroses deve despertar atenção. “Diante da necessidade de distanciamento social, os trabalhos relacionados ao controle vetorial da dengue foram paralisados, para garantir segurança aos agentes de endemias e da própria população, evitando contato com indivíduos externos ao domicílio”, relata a professora Alexandra Paiva. Ainda segundo a docente, é esperado um aumento das manifestações clínicas, uma vez que as medidas de controle do vetor são afrouxadas. “Por isso, é muito importante que a população tenha um olhar mais atento sobre as medidas de prevenção e controle”.
O combate ao mosquito da dengue passa pela eliminação dos criadouros: caixas d’água abertas, pneus, lixo acumulado, vasos de plantas, entre tantos outros. Bruno Guedes reforça que “o maior cuidado deve ser com a água parada: é nela que a fêmea deposita seus ovos. O ovo pode ficar um ano depositado nas superfícies, parado, esperando a água para eclodir. Por isso, é importante uma ação preventiva durante o ano inteiro, não apenas nas épocas de chuva”.
Fonte: Assessoria