As portas do pronto atendimento de Urgência e Emergência do Hospital João Penido, localizado no bairro Grama, zona Nordeste de Juiz de Fora, seguem fechadas. Há pouco mais de quatro anos, em 10 de abril de 2014, os serviços ambulatoriais foram suspensos e desde então os moradores da localidade que precisam de atendimento médico precisam se deslocar para unidades de saúde em outros pontos da cidade.
“Imagina uma pessoa que mora nessa região, a partir das 17 horas que as Unidades Básicas de Saúde (UBS), a atendimento primário fecham. A pessoa passou mal nessa região tem que buscar em Santa Luzia, São Pedro ou regional Leste, podendo chegar a andar, dependendo do lugar, a 20 quilômetros para conseguir atendimento”, comenta o conselheiro tutelar e membro da comissão de moradores da região Nordeste formada para acompanhar a situação, Laurindo Rodrigues, que ressalta que o foco do Conselho Tutelar Leste, que responde pela região, é tratar do serviço pensando nas crianças residentes no bairro. “Nesse atendimento tinha clínico geral e pediatra 24 horas que atendia a população e as crianças ficaram sem esse atendimento”, disse.
O conselheiro relembra que o anúncio da suspensão dos atendimentos foi feito sob a justificativa da realização de uma obra para ampliação da CTI. “Sob o argumento dessa obra eles disseram que iriam usar o espaço onde era atendida a população para montar um CTI improvisado ecom isso suspenderam o atendimento e deixou uma população de cerca de 60 mil habitantes sem o serviço. A obra foi inaugurada no final de 2018, mas o atendimento não foi retomado”, disse.Além de prestar atendimento aos juiz-foranos, a unidade hospitalar também é referência para municípios da microrregião de Juiz de Fora.
Em outubro de 2017, a reabertura do setor foi tema de audiência pública na Câmara Municipal em que parlamentares disseram que iriam acompanhar as negociações entre a Prefeitura, que deixou claro o desejo de retomar os atendimentos e a Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), responsável por administrar o hospital. As negociações tiveram início ainda no final de 2017. A Prefeitura ofertou um incentivo, em dezembro daquele ano, para que fosse feita a reabertura das portas do pronto atendimento.“A Prefeitura ofereceu um valor e o Hospital pediu outro. Foi um valor muito distante da proposta e infelizmente não teve jeito”, disse Rodrigues. “Era um espaço muito bom, mas faz falta o atendimento de Urgência e Emergência para a população”, relata.
Segundo Laurindo Rodrigues, o Conselho Tutelar enviou um ofício para a direção do Hospital João Penido requisitando a volta do atendimento. Este mesmo documento foi encaminhado para a Secretaria de Saúde de Juiz de Fora.
POSICIONAMENTO
Em nota, a Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), responsável pela administração do hospital, informou que o Hospital Regional João Penido (HRJP) está em pleno funcionamento dos serviços que hoje são contratualizadoscom o município, “incluindo internações adulto e infantil, cirurgias, ambulatório que realiza cerca de 2.500 consultas/mês reguladas pelo município, centro de reabilitação, maternidade 24h – que é referência para gestação de alto risco –, laboratório, exames de imagem (ultrassom, raio x, ecocardiograma e tomografias), entre outros”.
Segundo a Fundação, “a abertura de serviço de porta generalista 24h demandaria uma estrutura de equipamentos, materiais e recursos humanos não disponíveis no momento. Existem limitações impostas pela Lei de Responsabilidade Fiscal, que impedem novas contratações. Além disso, a proposta de repasse de recursos feita pela Prefeitura de Juiz de Fora foi considerada inviável pelo corpo técnico do hospital, diante dos serviços que serão demandados”.
Ainda em nota, a Fhemig ressaltou que o município de Juiz de Fora tem a gestão plena do SUS, e que compete ao gestor municipal buscar meios para a organização da rede de Atenção Básica e efetivação dos serviços de pleno atendimento às urgências e emergências. “Entendemos a necessidade da população, que está carente desse tipo de atendimento, uma vez que a região nordeste de Juiz de Fora não é coberta por uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento). Por isso, com intuito de colaborar, foi oferecido espaço físico do Hospital Regional João Penido para que a gestão municipal implantasse o devido atendimento à população, contanto que a prestação de serviço fosse gerida pelo município, com pessoal e estrutura próprios”, finaliza.