Grupos de JF mantêm viva a tradição de Folia de Reis

Encerrando um ciclo de 12 dias de peregrinação, iniciado em 24 de dezembro, 11 grupos de Folia de Reis movimentaram Juiz de Fora no último domingo, 6 – Dia de Reis, mantendo viva uma das mais antigas tradições culturais do Brasil. A jornada de devoção teve apoio da Fundação Cultural Alfredo Ferreira Lage (Funalfa), e as últimas visitas, com entrega das bandeiras, atraíram moradores e pessoas que circulavam por bairros como Ipiranga, Bela Aurora, Teixeiras e Santa Luzia. Com roupas coloridas, cânticos, coreografias e versos afiados, os grupos não se renderam ao calor intenso e seguiram seu roteiro, cantando a paz e lembrando a trajetória dos Reis Magos até Belém para adorar o Menino Jesus.

A origem da festa é associada a uma tradição cristã portuguesa e espanhola, trazida para o Brasil provavelmente no século XIX. Em 2017, o Conselho Estadual de Patrimônio de Minas Gerais declarou a Folia de Reis como Patrimônio Imaterial do Estado. Com versos preservados de geração em geração, as folias mesclam religiosidade e cultura popular. “Os Reis Magos são representados pelos músicos, sempre divulgando mensagens de paz e amor, desejando saúde e prosperidade. Já os palhaços, com suas máscaras monstruosas, personificam os soldados de Herodes, que tinham a missão de matar o Menino Deus”, explica André Brasilino, presidente da Associação das Folias de Reis e Charolas de Juiz de Fora.

Há 35 anos participando das folias, o pintor Gilberto Luiz Romualdo, 54 anos, conta que houve mudanças importantes ao longo das décadas. “O folclore é o mesmo. A tradição em si não mudou, mas as fantasias melhoraram muito. Antes os grupos eram apagados, agora as roupas estão mais caprichadas. A rapaziada gostou, e hoje temos mais mobilização popular.” Ele avalia que a tradição vem se fortalecendo e sendo preservada.

Os meninos Ariel da Silva, 10, Marcelo Augusto, 11, e Ítalo Eupídio, 13, estão entre os representantes da nova geração. Eles fizeram sua estreia no grupo Resposta do Oriente Jesus Vivo e não escondiam a satisfação de participar do festejo. Devidamente uniformizados, contaram sobre a emoção e a responsabilidade de manter uma tradição tão antiga. “Além disso, é muito legal viajar com o pessoal do grupo, conhecer outros lugares, outras pessoas”, observou Ariel.

Neto e filho de mestres, Leandro Luiz dos Santos decidiu lançar um novo grupo de Folia de Reis, o Descendentes do Pai Eterno, que fez sua primeira peregrinação. “Eu integrava outro grupo, mas fundei esse para ampliar as chances de participação dos meninos mais novos. Nossa tradição foi fortalecida, mas ainda está sob risco. Precisamos ficar atentos.”

A manicure Luciene da Glória, 26 anos, que recebeu em casa, no Bela Aurora, um dos grupos locais, é parte da rede de apoio à tradição cultural. “Acompanho as folias desde pequena. Começou com meu irmão que, ao avistar um grupo, saía pelas ruas. Hoje ele é um dos palhaços. Pegamos amor por essa cultura e estamos sempre ajudando a preservá-la.” A diretora de Cultura da Funalfa, Giovana Bellini, defende a importância de resgatar e difundir a cultura popular, como o caso da Folia de Reis “A cultura é a própria identidade de um povo. É a nossa essência”.

Fonte: PJF




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