A chegada do período chuvoso em todo o Brasil não traz somente a preocupação com deslizamentos e inundações, mas coloca o país em alerta para outro problema recorrente nas pautas dos órgãos de vigilância em saúde dos municípios brasileiros e também para toda a população: a proliferação do Aedes aegypti. Causador de doenças como a dengue, a chikungunya e a zika, o mosquito encontra no clima quente e úmido a oportunidade perfeita para colocar seus ovos, dando condições mais do que propícias à sua multiplicação.
Dados do balanço da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), publicado este mês, mostram que de janeiro, até cinco de novembro, foram registrados 25.559 casos prováveis de dengue em cidades mineiras. Em relação aos óbitos, foram oito confirmados nesse período, e outros 11 estão em investigação. Já os casos prováveis de Chikungunya somam 11.785, com 15 mortes confirmadas. Ainda segundo a SES-MG, a zika atingiu 166 mineiros. Os óbitos pela doença não foram informados no balanço.
Juiz de Fora também segue na luta para combater o mosquito e dar fim às doenças causadas por ele, mas o caminho para se chegar até lá ainda é longo. O último Levantamento do Índice Rápido do Aedes aegypti (Liraa), feito no mês passado e que vistoriou mais de 5.500 imóveis, apontou índice de infestação de 2,3% na cidade, resultado que é considerado “estado de alerta” pelo Ministério da Saúde. Os bairros com maior número de focos positivos foram Vila Ideal, São Judas Tadeu, Borboleta, Sagrado Coração, São Mateus e Linhares.
Outro dado importante apontado pelo levantamento foi a localização dos focos: 98% estão dentro de casas e imóveis comerciais. Isto mostra a importância do esforço de cada juiz-forano na batalha contra o mosquito. A gerente do Departamento de Vigilância Epidemiológica e Ambiental da Secretaria de Saúde (SS), Cecília Kosmann, alerta para a necessidade do engajamento da população. “O combate ao mosquito é algo que precisa ser feito de janeiro a janeiro, sem pausa. O controle vetorial tem que ser feito o tempo todo. A gente reforça para que as pessoas usem os seus 10 minutos semanais para olhar sua residência e checar se há criadouros”, enfatiza.
Segundo a Secretaria de Saúde de Juiz de Fora, o número de casos de dengue este ano, de janeiro a primeiro de novembro, chegou a 86. A febre chikungunya somou 14 registros e a zika, 20. Nenhum óbito pelas doenças foi confirmado.
Na tentativa de reduzir esses casos e inibir a proliferação do mosquito, o Departamento de Vigilância Epidemiológica e Ambiental vem desenvolvendo e intensificando as ações de combates. “Temos as visitas domiciliares feitas pelos agentes de combate às endemias, também as visitas aos principais pontos estratégicos, que são mais de 200 em toda a cidade, como ferro velhos e borracharias. Locais onde a gente sabe que tem realmente o acúmulo de água e a possibilidade de ter criadouros. Essas fiscalizações são feitas quinzenalmente e, dependendo da necessidade e após a avaliação do agente, são usados larvicidas ou fazemos a aplicação perifocal com inseticida”, conta Cecília.
Outra atividade que vem sendo feita é a instalação de ovitrampas, reforço simples e barato que tem se mostrado um importante apoio na luta contra o mosquito. “A armadilha é semelhante a um vasinho de planta, de cor preta, com água até a metade e uma “paletinha” de madeira, imitando um criadouro. Se tiver alguma fêmea do Aedes naquele local, ela vai colocar o ovo ali. Semanalmente, essas armadilhas são recolhidas e trocadas, não dando tempo de virar um criadouro. A partir daí, a gente traz para o laboratório e checa se tem ovos ou não. Isso ajuda a direcionar as equipes, que abrem um raio de investigação na região onde a armadilha deu positivo para ovos do mosquito”, explica Cecília. Atualmente, essas armadilhas estão instaladas nas zonas Norte, Leste e Nordeste e a expectativa, segundo ela, é de que até o final do primeiro trimestre de 2019 as ovitrampas estejam posicionadas em toda a cidade.