Estudo aponta que número de cesáreas quase dobrou no mundo nos últimos 15 anos

Apesar das diversas discussões sobre a importância do parto natural, o número de partos realizados por ato cirúrgico, conhecido popularmente como parto cesariano, continua aumentando. De acordo com o estudo publicado no conceito periódico científico, The Lancert, o número de cesarianas quase dobrou no mundo em quinze anos.

Em países como República Dominicana, Brasil, Egito e Turquia, o número de cirurgias em gestantes deste tipo passa da metade dos nascimentos, sendo que a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) é de que a proporção esteja entre 10% e 15% do total.

Para a médica obstetra, Mariana Sirimarco, este aumento está relacionado “à má remuneração dos médicos pelos planos de saúde; à comodidade do procedimento com data e hora marcada, tanto pelo paciente, quanto pelo médico; e também uma questão cultural atual, na qual, muitas vezes, a paciente não recebe o apoio da família e do companheiro para fazer o parto normal”, pontuou a obstetra.

Só em Juiz de Fora, foram registrados 8.369 partos na rede pública em 2017. De acordo com o levantamento feito pelo Departamento de Vigilância Epidemiológica e Ambiental da Secretaria Municipal de Saúde da Prefeitura de Juiz de Fora, o número de cesáreas é superior ao de partos normais. Em 2017, foram realizadas 4.812 cesarianas nas maternidades da cidade, representando 57,5% do total dos partos. Deste total, ressalta-se que foram registrados mais 138 casos de parto cirúrgico do que em 2016, quando foram feitos 4.674.

Outro destaque são as idades das pacientes. Segundo os dados fornecidos pela secretaria de saúde, esse índice aumenta entre as mulheres de 20 a 34 anos.

 

A decisão é de quem?

            De acordo com a Drª Mariana, os principais casos que são indicados os partos cesarianos são em casos de riscos que comprometem a vida da mãe ou do bebê; quando a mãe passou por uma cirurgia recentemente; quando o parto não está evoluindo como deveria ou a criança está na posição “errada” para nascer.

Assim foi o que aconteceu com a Jacqueline Oliveira, mãe de duas filhas, 20 e 7 anos, e teve que fazer o procedimento por indicação médica na primeira gravidez. “Quando nós chegamos [ela e o marido] ao hospital, após a bolsa romper, a gente descobriu que ela estava “sentadinha” e acabou sendo feito a cesárea”, disse.

Já o nascimento da sua segunda filha, ter a criança por cesárea foi uma opção. Segundo ela, por já ter passado pelo procedimento antes, sentiu-se mais preparada e confortável para a realização do parto, além de garantir não ser pega de surpresa, já tendo data e hora marcada para o bebê nascer.

Apesar de a escolha ser muitas vezes da mãe, assim como foi o caso da Jacqueline na sua segunda gestação, vale ressaltar que a paciente passa a ser vista com outros olhos e cuidados. Por isso, além dos potenciais riscos inerentes a qualquer parto, acrescentam-se, ainda, os riscos inerentes a qualquer grande cirurgia. Entre as complicações que a gestante fica exposta, estão: maior risco de infecções; de trombose dos membros inferiores; de hemorragia; de reações aos anestésicos, pois a recuperação é mais prolongada e maior é a incidência da dor pós-operatório.

Para a Drª Sirimarco, o diálogo é uma das principais formas de reverter este quadro. Segundo ela, campanhas realizadas na cidade, orientando as mulheres dos benefícios dos partos normais já tiveram resultados significativos nos últimos tempos.

“No hospital Albert Sabin, já teve mês que nós já conseguimos registrar um aumento de 20% dos partos normais e, para o cenário em que a gente vive, é muito. Então, nós informamos que devemos respeitar o nascimento fisiológico, porque o nosso corpo já está preparado para esta situação, diminuindo os riscos e sendo mais rápida a recuperação”, destacou.




    Receba nossa Newsletter gratuitamente


    Digite a palavra e tecle Enter.