Jovens são os mais afetados com o alto índice de desemprego

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou uma pesquisa que aponta que os jovens são a parcela da sociedade que mais tem sofrido com o alto índice de desemprego do país. De acordo com os dados apresentados, de 13 milhões de desempregados no país, 32% têm entre 18 e 24 anos, o que corresponde a um contingente de 4,1 milhões de jovens nesta faixa etária que está em busca de emprego.

De acordo com o economista José Jamil Adum, o número de jovens desempregados é referente à escolha das empresas em contratar pessoas mais experientes. “O mercado prefere contratar pessoas que possuam ‘know how’, que já tenham experiência e que a partir do momento que entrem na empresa, comecem a dar resultados. Cada vez é uma exigência maior. São vários fatores que dificultam esse jovem entrarem no mercado”, informou.

Ainda segundo a pesquisa, em análise por sexo, as mulheres são as mais afetadas pelo desemprego. Dos 13 milhões de desempregados no país, 51% são mulheres e 49% são homens. O economista aponta que essa situação está enraizada na sociedade. “Temos um fator cultural. Eu ainda vejo as mulheres se preparando mais para o mercado, mas infelizmente essa é uma questão que vem se arrastando há tempos. Apesar de estar melhorando, ainda não é o ideal”.

Dos 13 milhões de desempregados no país, 32% têm a faixa etária entre 18 e 24 anos. Foto: Rafaela Frutuoso

Letícia Gouvêa, 22 anos, é Jornalista e está desemprega há três meses. Ela conta que não encontra muitas oportunidades na área e quando encontra, a empresa opta por não assinar carteira. “Nessa minha experiência de buscar empregos, vi alguns lugares oferecendo um serviço com carteira assinada como se fosse um diferencial, quando na verdade deveria ser o normal a se fazer, algo que deveria ser seguido pela maioria”, disse.

A Jornalista conta que enquanto ainda está desemprega, está sempre em busca de mais conhecimento. Atualmente, Letícia faz pós-graduação em Cinema e Linguagem Audiovisual e afirma que o que não pode é ficar parada. “Não podemos ficar parados esperando que algo aconteça, então não importa qual for o seu esforço, a recompensa uma hora vem. Enquanto procuro emprego, também estudo e busco maneiras de aprender sempre mais na minha área. Ofereço um serviço aqui ou ali para conhecidos e assim eu vou aumentando o portfólio”, ressaltou.

Caroline Portes, 28 anos, também vive o drama da busca pelo emprego formal. Caroline é formada em Enfermagem está desempregada há um ano. Para ela, a maior dificuldade em encontrar o emprego, principalmente na área, é a indicação. “A maior dificuldade é o ‘QI’, o ‘quem indique’. Às vezes que eu trabalhei em Juiz de Fora foram todas por indicação. Mesmo que eu tenha um currículo bom, as pessoas só contratam com indicação”, conta.

Caroline trabalha com carteira assinada desde os 18 anos. Ela contou que, devido ao desemprego, precisou se desfazer do apartamento em Juiz de Fora e voltar para a cidade natal. “Como veio a crise, que eu fui demitida, eu busquei outro emprego e não consegui nada e precisei voltar para a casa da minha mãe, em Pirapetinga. Para mim foi muito difícil porque há sete anos eu moro sozinha”, disse.

Caroline é mãe de uma menina de quatro anos, e ela conta que distribuiu cerca de 251 currículos até agora. “Eu entreguei currículo o ano passado e este ano. Desse tempo que eu entreguei currículo eu só recebi uma ligação. Formei com muita dificuldade e fiquei na esperança de conseguir alguma coisa na minha área, mas esta muito difícil”. A enfermeira ainda contou que há uma grande falta de oportunidades para os profissionais recém-formados. “Um ponto em Juiz de Fora é que as pessoas devem dar oportunidade aos recém-formados, porque muitas empresas querem pessoas pós-graduadas e com vários cursos. As possibilidades que o mercado dá são poucas”, conclui.

Letícia e Caroline apostam em serviços informais enquanto tentam entrar no mercado de trabalho. A jornalista oferece serviços, dentro de sua formação, para familiares. “Ofereci ajuda em mídias sociais para a empresa de um familiar, mas sem remuneração, apenas para experiência e portfólio. Também pretendo iniciar alguns projetos próprios que estão no papel há algum tempo”. Enquanto Caroline usa os anos de estudos para dar aulas particulares em casa. “Hoje eu estou dando aula particular. Eu ensino o exercício do dia e quando é o período de prova, faço uma preparação”.

O economista ainda orienta os jovens que estão se preparando para o mercado. “Ainda falta muito para o brasileiro ter um perfil de empreendedor e montar seu negócio. A saída para esses jovens é estar se preparando mais. Para os que estão na graduação, é fazer parte de processos seletivos para estágio e já ganhar experiência”, conclui.

 

RENDIMENTO MÉDIO ESTÁVEL

No 2º trimestre de 2018, em todas as regiões do país, o rendimento médio real de todos os trabalhos recebido por mês, pelas pessoas de 14 anos ou mais de idade, foi estimado em R$2.198. Houve estabilidade tanto em relação ao trimestre anterior, R$2.192, como em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, R$2.174.

 




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