A cada dia que passa, a população tem se tornado mais viciada em redes sociais e no mundo virtual. Basta caminhar pelas ruas da cidade que você perderá a conta do número de pessoas que estão andando distraídas ouvindo uma música ou de cabeças baixas checando os seus perfis no Facebook, por exemplo. Apesar das facilidades advindas com os smartphones, os aparelhos têm sido motivo de distrações que acabaram acarretando em acidentes, como o atropelamento de João Paulo Almeida de Assis, 27 anos, na passagem de nível do bairro Poço Rico, Zona Sudeste, na terça-feira, 26 de junho.
De acordo com o registro de ocorrência do acidente na Polícia Militar (PM), testemunhas relataram que o rapaz utilizava um fone de ouvido e estava com o celular nas mãos e de cabeça baixa na hora do acidente. Ainda conforme as testemunhas, o maquinista tentou sinalizar sua aproximação utilizando as buzinas do trem e tentou evitar o atropelamento acionando os freios da máquina, mas não conseguiu e o jovem acabou sendo atingido.
A MRS, concessionária que opera os trens que circulam pelo município, ressaltou que o trem é muito pesado, ele não freia como um carro. “A partir do acionamento do freio de emergência, a composição pode precisar de até um quilômetro para frear completamente. Essa característica do modal ferroviário evidencia, ainda mais, a importância do máximo estado de atenção que as pessoas devem ter ao atravessar a ferrovia”, destacou a empresa em nota.
Com relação aos números de ocorrências, atropelamentos e abalroamentos envolvendo trens em Juiz de Fora está reduzindo. Avaliando o mesmo período de 2017 e 2018, de janeiro até 26 de junho, a diferença é de três casos. No ano passado, foram registradas 11 ocorrências e em 2018, oito casos, incluindo o da última terça.
“Mesmo com a melhora nos números, precisamos continuar reforçando a importância dos cuidados com a segurança nas proximidades da ferrovia. Sabemos que, com a adoção de uma cultura de segurança, podemos chegar ao índice zero de acidentes”, frisou a MRS.
CUIDADO EMOCIONAL
Além dos cuidados nas ruas e no trânsito, as pessoas precisam se conscientizar e repensar a maneira que se relacionam com os celulares e as redes sociais, foi o que destacou a psicóloga, Elisangela Pereira. “Na sociedade atual há o problema de como as pessoas utilizam essas ferramentas. Percebo que cada vez mais, elas estão com menos limites, chegando ao ponto de viciar, o que exemplifica este crescimento descontrolado [da dependência]”, avaliou.
Com o aumento dos casos de dependência, foi necessário tipificá-la como uma doença: a Nomofobia, que é a fobia causada pelo desconforto ou angústia resultante da incapacidade de acesso à comunicação através de aparelhos celulares ou computadores. “As pessoas estão menos resilientes e preparadas para lidar com situações de conflito. Os jovens estão tendo uma educação muito protetora e quando se tornam adultos não estão preparados para lidar com as diferenças. A sensação de solidão, inadequação e baixa autoestima aumentam com a vida virtual”, avaliou a psicóloga.
A nomofobia está relacionada ao aumento de casos de ansiedade, sensação de menos valia, depressão e estresse. “O nível de comparação aumentou muito. Hoje em dia, as pessoas ficam comparando suas vidas com a dos outros através das postagens. Porém, esquecem que os outros postam aquilo que lhe convém, chama atenção e se destaca. Essas postagens mexem de forma negativa na autoestima daqueles que não sabem lidar com essas informações, resultando no aumento no número de pessoas ansiosas, com síndrome do pânico, depressivas ou até com doenças psicossomáticas”, afirmou a especialista.
Além disso, Elisangela destacou que também há impactos nas relações humanas. “As pessoas estão cada vez mais distantes, apesar da sensação de estarem mais próximas e conectadas. Elas se fecham em seus celulares, em seus quartos e deixam de sair para encontrar com os amigos porque já conversam por meio de uma rede social”, disse.
A psicóloga salientou que medidas precisam ser tomadas para que não continuemos a transitar nesse caminho. “Precisa observar quanto tempo de dedicação está depositando nas redes sociais comparado ao investido na vida real. Não adianta você dizer que está no ‘mundo real’, mas a cada barulho de notificação, para onde estiver só para olhar. Não estou dizendo em ficar sem, mas usar de maneira consciente, de que o prazer da vida esteja no mundo real. Portanto, visite os seus familiares, encontre com os seus amigos e viaje para conhecer outros lugares. Tente se desprender da vida virtual”, finalizou.