Dia Mundial Sem Tabaco alerta a população sobre os perigos do fumo

– “Comecei a fumar para entrar para o grupo de descolados da escola”;

– “O estresse e a correria do dia a dia me fizeram a começar a fumar para relaxar”;

– “Eu preciso de um cigarro para acompanhar o cafezinho”;

 

É comum que você ouça uma das frases acima quando conversa com fumante sobre o seu vício. Com o objetivo de chamar atenção mundial para os riscos à saúde associados ao uso do tabaco e para defender políticas eficazes para reduzir seu consumo, a Organização Mundial da Saúde (OMS) criou o Dia Mundial sem Tabaco, celebrado na última quinta-feira, 31.

 

Em 2017, em Juiz de Fora, o Programa Nacional de Controle ao Tabagismo ofereceu tratamento a 1.139 pacientes, conforme divulgado pela Secretaria de Saúde (SS) da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF). Já em Minas Gerais, 52.525 usuários tabagistas foram atendidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no ano passado.

 

“Várias doenças são diretamente ligadas ao cigarro como enfisema pulmonar, câncer de pulmão e de boca, mas também temos outras que a incidência aumenta nos fumantes devido ao vicio e são elas: infarto, Acidente Vascular Cerebral (AVC) e câncer de bexiga e de estômago”, pontuou o pneumologista, Edimar Pedrosa Gomes.

 

O uso do tabaco figura como a segunda principal causa de doenças cardiovasculares, atrás apenas da pressão arterial alta. “Conforme os dados da OMS, as principais doenças com maiores índices de morte são enfisema pulmonar, infarto e AVC, e todas elas são correlacionadas ao cigarro”, alertou o especialista. “Em 2015, mais de três milhões de pessoas morreram no mundo por causa de alguma doença pulmonar obstrutiva crônica”, acrescentou.

 

Fumante ativo e passivo

Há dois tipos de fumantes: o ativo e o passivo. O primeiro é caracterizado pelo uso regular de qualquer produto derivado do tabaco. Já o fumante passivo é aquele que inala a fumaça de derivados do tabaco consumido por terceiros. São pessoas não fumantes que convivem com fumante, especialmente em ambientes fechados. De acordo com a OMS, fumantes passivos respondem por aproximadamente 12% do total de mortes por doenças do coração.

O uso do tabaco figura como a segunda principal causa de doenças cardiovasculares, atrás apenas da pressão arterial alta. Rafaela Frutuoso

 

“É difícil mensurar sem saber o quanto tempo a pessoa passa tendo contato. O trabalho poder ser o pior ambiente. Por exemplo, um indivíduo que trabalha em torno de 8h próximo de um fumante, praticamente fuma junto. Com isso, os riscos são praticamente os mesmos e as doenças mais comuns entre estes indivíduos são a enfisema pulmonar e doenças coronárias”, esclareceu p pneumologista.

 

Vale lembrar que a fumaça do cigarro contém mais de 4.700 substâncias tóxicas, incluindo arsênio, amônia, monóxido de carbono, substâncias cancerígenas, além de corantes e agrotóxicos em altas concentrações que poluem o ar. A fumaça expelida contém, em média, três vezes mais nicotina, três vezes mais monóxido de carbono e até 50 vezes mais substâncias cancerígenas do que a fumaça inalada pelo fumante após passar pelo filtro do cigarro.

 

Tratamento

De acordo com portaria do Ministério da Saúde, o tratamento da pessoa tabagista é ofertado nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs). “O primeiro passo é que o fumante se conscientize e reconheça a necessidade de parar de fumar, e para isso, há algumas terapias e serviços. No passo seguinte, podemos oferecer diversos tratamentos como a terapia cognitiva-comportamental e terapia com medicamentos, porém a pessoa não pode se iludir que o remédio fará que ela pare de fumar. Na verdade, ele vai auxiliar nos sintomas de abstinência, tornando mais fácil este momento. O fumante precisa manter o propósito”, ponderou Gomes.

 

Em Juiz de Fora, os tabagistas que moram em locais que não possuem uma UBS pode recorrer ao Serviço de Controle, Prevenção e Tratamento do Tabagismo (Secoptt) para abandonar o vício e sem encaminhamento médico. O Secoptt realiza palestras e ações educativas em escolas, instituições e empresas com viés prevenir além de tratamento. “O tabagismo é considerado uma doença pediátrica, pois, geralmente, a pessoa começa a fumar no início da adolescência, por volta de 13 anos. Há diversos fatores que contribuem porém, é nesta fase que a personalidade está em formação e o adolescente é vulnerável a influência social. Se você observar, nos pontos de venda, o maço de cigarro está perto de balas e chocolates e isso, de forma sutil, vai entrando na cabeça dos jovens. Além disso, pode ter influência familiar, o pai ou mãe que fuma”, enfatizou a coordenadora do Secoptt, Sandra Tolomelli.

 

Em relação ao tratamento, Sandra explicou que dependência ao tabaco pode acontecer de três formas. A dependência física química que é causada pelo uso contínuo da nicotina; dependência psicológica tem haver com a necessidade da substância para se alcançar um equilíbrio emocional ou percepção de bem-estar; e dependência comportamental que está relacionada à associação do uso do cigarro a outros comportamentos e situações da pessoa fumante.

 

“O tratamento dura seis meses e nossa principal abordagem é a cognitiva-comportamental. A pessoa vai participar do grupo e aprender a resistir à compulsão de fumar. Vamos compartilhar algumas intervenções cognitivas e treinamentos de habilidades comportamentais que irão preparar a pessoa para lidar com as situações que representam para ela um gatilho para o desejo de fumar. Nós intervimos nos três tipos de dependência”, finalizou a coordenadora do Secoptt, que ressaltou que 60% das pessoas que procuraram o tratamento largam o vício.

 

Para aqueles que desejam conhecer mais sobre o trabalho do Secoptt ou agendar alguma ação basta ligar no número (32) 3690-7714 ou em sua sede na sala 103 do Pronto Atendimento Médico (PAM) Marechal, situado na Rua Marechal Deodoro, n°216, centro de Juiz de Fora.

 

 




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